OSWALDO PISONI

  • Esse conteúdo foi escrito originalmente em 2007, pelo jornalista Claudio Gioria, e atualizado em 2025.
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O gigante estava pronto. Ou quase pronto. Afinal, nem todas as obras haviam terminado. O maior do mundo poderia receber, em apenas uma tarde de futebol, 7,7% de toda a população do estado do Rio de Janeiro, na época estimada em 2.377.000. A medição aparentava que o Rio tinha oficialmente um estádio para 183.354 torcedores. Seria o mesmo da Cidade Maravilhosa construir um estádio hoje para mais de 500 mil torcedores.

A inauguração oficial ocorreu na sexta-feira 16 de junho de 1950, pela manhã. Na verdade, uma inauguração que passou longe do que realmente interessa para o torcedor, cheia de políticos e autoridades subindo a rampa principal, com o prefeito do Rio, Mendes de Moraes, e o presidente da República, Marechal Eurico Gaspar Dutra, à frente. No dia seguinte, exatamente às quatro horas da tarde, Cilas rolou a bola para Carlyle, algo até então inédito naquele monumento, construído em pouco menos de dois anos, com vergalhões de ferro que, unidos em suas extremidades, eram suficientes para uma volta e meia em torno da Terra; e com uma quantidade de sacos de cimento que, empilhados, atingiriam o dobro da altura do Pão de Açúcar.

24 anos antes, bem longe dali, na esquina das ruas que hoje levam o nome de Sete de Setembro e Heitor Penteado, no coração do Centro de uma recém-criada cidade (a emancipação política de Americana data de 12 de novembro de 1924), distante pouco mais de 500 quilômetros da então Capital federal, nascia um garoto com futebol no sangue. Coisa de pai para filho.

Aristides Pisoni já era famoso em Americana. Afinal, os maiores times de um clube que começou como Arromba em 1913 e virou Rio Branco quatro anos depois começavam sempre com Pisoni; Alfredo e Fructuoso… E não era só o pai. A mãe, Haydée Brambilla, integrava o quadro de sócios do Rio Branco desde 11 de dezembro de 1923, a primeira mulher a ser aceita no quadro associativo daquele clube de pouco mais de uma década.

O alfaiate Pisoni era goleiro dos bons, segundo relatos da época. Defendia o gol do melhor time do interior do estado no início da década de 20. Bicampeão do interior de 1922 e 1923, já havia encarado o poderoso Corinthians na Capital, o campeão de lá, na antiga Taça Competência. Era conhecido por toda Villa Americana. E acabara de ser pai pela primeira vez, naquele 8 de junho de 1926. Oswaldo Pisoni, o mais velho dos quatro filhos de Aristides, foi o único que nasceu em Americana. Logo depois, a família mudou-se para Sumaré, onde registraria o primeiro filho e onde nasceriam os outros três – um deles, Athos Pisoni, campeão pan-americano de tiro em 1975 na modalidade skeet, teve curta carreira no futebol.

Oswaldo gostava de praticar esporte, mas com uma condição: que tivesse bola. Mas nem cogitava um dia ser goleiro, seguir os passos do pai. Jogava basquete, vôlei e futebol, como atacante. E assim seguiu para estudar no Colégio Liceu, em Campinas. “Não queria jogar no gol nem a paulada”, relembrou Oswaldo, em entrevista em junho de 2007.

(todas as declarações de Oswaldo que estão nesse texto foram dadas ao autor em duas entrevistas realizadas em junho de 2007) 
 
 
 
 
Aristides Pisoni, pai de Oswaldo, foi goleiro do Rio Branco
Haydée Brambilla, mãe de Oswaldo, foi a primeira mulher aceita como sócia do Rio Branco, em 1923
Oswaldo (com a bola) no Colégio Liceu, em Campinas
Essa era a foto mais antiga que Oswaldo guardava atuando como goleiro, no Colégio Liceu, em Campinas
Oswaldo, o primogênito, ao lado do irmão Athos, que foi campeão de tiro, na modalidade skeet, no Pan-Americano de 1975, além de ter uma curta carreira no futebol

A prática esportiva era comum no colégio, de onde os alunos só saíam para as férias. Jogos, só dentro da escola. Eram diversos times divididos em diversas categorias, por idade. Aos 11 anos, Oswaldo era um mero centroavante do oitavo time. Até o dia em que o goleiro do terceiro time faltou. O técnico não pensou duas vezes e chamou aquele garoto que assistia à partida. “Pisoni, fica no gol aí”, ordenou. No gol? Sim. Talvez pela habilidade de usar as mãos para jogar basquete e vôlei, o garoto foi bem. “Você tem jeito rapaz. Quando faltar um, vou te colocar no gol”, elogiou o treinador.

De cada dez garotos, nove nem pensam em trocar a oportunidade de balançar as redes para evitar que isso aconteça. Oswaldo não era diferente. Mesmo assim, passou para o segundo e chegou ao primeiro time. Foi ficando mais velho e subindo de categoria. Mas não pegava gosto pela posição. “Mas era obrigado, porque jogava aonde o padre queria”, contou. Começou então a jogar contra times de fora do colégio, algo destinado apenas aos atletas dos primeiros times.

Não demorou e atraiu a atenção do Guanabara, time amador de Campinas, que disputava o campeonato local. Era tudo por brincadeira, pela alegria que aquele esporte lhe proporcionava, mesmo não sendo o gol sua posição preferida.

Em 1943, já era jogador do Rio Branco. Defendeu o alvinegro até 1945, quando sua carreira, ainda totalmente no amadorismo, começou a mudar. 

 
 
 
 
Oswaldo Pisoni teve rápida passagem pelo Rio Branco no início da carreira e logo despertou o interesse do Ypiranga

Já cursava a faculdade de Odontologia em Araraquara quando o Rio Branco enfrentou o Independente, de Limeira, duas vezes. Um industrial de Limeira que tinha negócios com a família Jafet, dona de tecelagem e do Ypiranga, tradicional clube paulistano, assistiu à partida.

O Ypiranga havia acabado de perder o goleiro Barbosa para o Vasco. O outro arqueiro do time, Tuffy, já não era mais um garoto e não aguentaria jogar o duro Campeonato Paulista. Era necessário um goleiro para revezar com Tuffy. Tadeu, que já havia vestido a camisa da seleção brasileira e estava no futebol argentino, foi a solução. Começou então o Paulistão como titular, mas não parava de arrumar encrenca. Discutia em campo com os adversários e chegou a ser expulso. A diretoria percebeu então que não poderia contar com um goleiro temperamental.

Com relacionamento estreito com a família Jafet, o industrial de Limeira foi consultado se conhecia algum bom goleiro para defender o Ypiranga. Ainda com a atuação de Oswaldo contra o Independente na memória, não titubeou em indicar aquele jovem garoto de Americana. O Ypiranga então insistiu e conseguiu que aquele garoto fizesse um treino na Capital. Foi aprovado e assinou contrato por três anos.

Priorizando os estudos, Oswaldo fez uma exigência. “Eu não vou abandonar a faculdade para jogar futebol. Eu vou estudar”, avisou. A solução foi rápida e agradou a Oswaldo. Treinaria em Araraquara e apenas se apresentaria no domingo pela manhã para jogar à tarde. Assim, continuaria a defender o time da faculdade, mantendo a forma física durante a semana.

Oswaldo jogou oito partidas naquele seu primeiro Paulistão, em 1945. O Ypiranga encarou os quatro grandes do estado mais a Portuguesa na reta final e perdeu a maioria dos jogos, fechando a competição na sétima posição entre 11 times. Como consolo, conseguiu endurecer a partida que decidiu o campeonato em favor do São Paulo. O Tricolor, que fechou aquele Paulistão com apenas uma derrota, teve enormes dificuldades para superar o Ypiranga por 3 a 2, no Pacaembu, e garantir a taça com três rodadas de antecipação.

No ano seguinte, Oswaldo jogou as 20 partidas do time no Paulistão. O Ypiranga começou bem, com três vitórias seguidas, uma delas sobre o Santos, em plena Vila Belmiro, mas caiu de produção, repetindo a colocação do ano anterior.

O ano de 1947 reservava bons momentos para Oswaldo. O São Paulo era o time da moda. Era a formação mais forte do estado e apenas o Palmeiras lhe fazia frente, embora sem a mesma qualidade técnica. O Tricolor vinha de um título paulista invicto (o único de sua história), já havia levado a Taça dos Invictos e chegava a 30 partidas seguidas sem derrota em jogos do Campeonato Paulista. Até encontrar o Ypiranga naquele 5 de julho de 1947. Naquele dia, o Pacaembu viu o imbatível São Paulo cair, 3 a 2, sob forte chuva, que ajudou a parar a melhor técnica do Tricolor.

“No dia seguinte saiu uma foto minha na ‘(A) Gazeta Esportiva’ com o título ‘O arqueiro de mãos mágicas’. Aí o São Paulo queria me comprar, mas o Ypiranga não quis vender”, lamentou Oswaldo. O Ypiranga fecharia o campeonato em uma honrosa quinta colocação, à frente do Santos.

Não apenas dentro de campo o ano de 1947 marcou a vida de Oswaldo. Foi também o ano em que se formou em Odontologia, o que lhe renderia mais tarde o tratamento de doutor entre os jogadores. Oswaldo estudou em Araraquara até 1946, quando o Ypiranga conseguiu sua transferência para a USP (Universidade de São Paulo). “Eu não queria ir, porque lá em Araraquara, na faculdade a gente ia na hora que queria”. Mas não houve jeito e Oswaldo mudou-se para São Paulo.

Formado, começou a trabalhar na área quando estava de férias, com Franklin Jones. “Ele que me induziu a fazer Odontologia. Queria fazer Agronomia. Área de saúde não é a minha. Quando eu vinha pra cá e ia no consultório dele bater papo, ele me largava trabalhando e ia tomar as canas dele. À noite, ele não tinha clientes e eu chamava meus amigos: ‘Vamos lá no consultório, vou tratar’. Tudo cobaia”, divertia-se Oswaldo.

 
A elegância de Oswaldo e sua boina, com Pinegas ao fundo e Sapolinho à direita, em um Santos x Ypiranga
Oswaldo chega antes de Leônidas da Silva em um jogo entre Ypiranga e São Paulo
Oswaldo pelo Ypiranga no Pacaembu
Oswaldo sofre gol do santista Juvenal (de camisa branca, olhando para a bola), no Pacaembu
Oswaldo e Leônidas da Silva, em Ypiranga x São Paulo, no Pacaembu
Oswaldo, então no Ypiranga, salta em cruzamento em jogo contra o Jabaquara
Oswaldo, no Ypiranga, sofrendo gol do corintiano Baltazar, no Pacaembu
Oswaldo e Sastre em Ypiranga x São Paulo
Oswaldo, Renato, Sapolinho, Reinaldo, Milton, Oliveira, Sapólio, Garro, Cilas, Antoninho e Nenê no Ypiranga
Oswaldo, Sapolinho e Leônidas em São Paulo 3 x 2 Ypiranga, em 1945
Renato, Leonardo, Oswaldo e Sapolinho em Jabaquara x Ypiranga
Sapolinho, Oswaldo e Sapolio, no Ypiranga
Sempre com o cabelo arrumado, Oswaldo antes de um jogo do Ypiranga
Ypiranga x Palmeiras no Pacaembu, em 1945, com Oswaldo tentando evitar um gol rival

O título do Torneio Início mostrou que o Ypiranga não estava para brincadeira no ano seguinte. “Em 1948, o Ypiranga era o melhor time de São Paulo. Jogavam Eu, Giancoli e Alberio; Belmiro, Reinaldo e Dema; Liminha, Rubens, Cilas, Bibe e Walter. Esse ataque era infernal”, relembrava Oswaldo, sobre o melhor time do qual fez parte com a camisa do Ypiranga, que fez uma bela campanha e terminou na terceira posição, atrás apenas do campeão São Paulo e do Santos.

Os destinos de Oswaldo e do Maracanã começaram a se cruzar em 1949, quando ele foi convocado para a seleção paulista pela primeira vez. Numa época em que não existia Campeonato Brasileiro de clubes, a principal atração interestadual no futebol era o Campeonato Brasileiro de seleções, dominado por paulistas e cariocas, os dois principais centros do futebol do País. Convocado por Vicente Feola, recebeu a promessa que seria titular naquele ano. Mas, em um treino em Campos do Jordão, sofreu uma luxação na clavícula e perdeu o lugar.

No Ypiranga, já mostrava certa insatisfação. “Eu queria ir embora, mas não conseguia sair. Eles (os diretores do Ypiranga) falavam que o Oswaldo era patrimônio do clube e não iriam vende-lo”. Mas, em campo, continuou ajudando o Ypiranga a surpreender os grandes. O time chegou na quinta posição no Paulistão, com a mesma pontuação do Corinthians.

Foi contra o time do Parque São Jorge uma das vitórias mais importantes do Ypiranga na temporada. Pela primeira vez em 16 anos, um time fazia cinco gols no Timão em um jogo do Campeonato Paulista. No Pacaembu, Ypiranga 5, Corinthians 3. E não foi só. O Santos apanhou de 6 a 2, a Portuguesa de 4 a 1 e o Comercial da Capital de 7 a 1. O problema do Ypiranga foi o São Paulo, que o derrotou duas vezes por 5 a 1. Mas, como dizem, vingança é um prato que se come frio…

A temporada de 1950 começava com mais um título do Torneio Início. Terminaria apenas no início de 1951, com uma modesta sétima colocação. Mas o que valeu mesmo para o Ypiranga foi o jogo contra o Tricolor, na reta final do campeonato. O São Paulo buscava um inédito tricampeonato (o que não conseguiu até hoje). Restavam três rodadas para o final da com- petição e a vantagem do Tricolor sobre o Palmeiras era de três pontos (a vitória valia dois pontos na época). O Paulistão de 1950 invadiu o ano seguinte e, na mesma tarde de 14 de janeiro, o São Paulo enfrentaria o Ypiranga no Pacaembu e o Palmeiras teria pela frente o XV de Piracicaba, no Parque Antártica.

Oswaldo não se esquecia daquela partida. “O Ypiranga não estava tão bom em 1950. Já tinha saído o Cilas. E nesse jogo não ia jogar o Rubens, o Belmiro e o centroavante Churia. Eu tinha jogado contra o Juventus e levado um pontapé no ombro. Estava doendo pra cachorro e falei que não ia jogar. Meu reserva era o Colla, hoje advogado em Santa Bárbara d’Oeste (Colla faleceu em 2012, cinco anos após essa declaração de Oswaldo). Falei para o Colinha: ‘Você vai jogar domingo contra o São Paulo’”.

Colla levou um susto: “Contra o São Paulo, não. Não faz sujeira”.

O jogo era no domingo. Oswaldo não treinou na terça, não treinou na quinta. Foi quando o zagueiro Homero procurou pelo goleiro.

– Ô doutor, vem cá. Olha, o tesoureiro do Palmeiras esteve na minha casa e falou que o Palmeiras dá dez mil para você, dez mil para mim, dez mil para o Liminha e dá cinco mil para a gente dar para quem quiser para a gente ganhar o jogo de domingo.

– Mas eu tô ruim – respondeu Oswaldo.

– Vamos arriscar, quem sabe a gente ganha – insistiu Homero.

– No sábado eu resolvo – encerrou a conversa Oswaldo.

O que ajudou Oswaldo a decidir jogar mesmo sem estar 100% foi uma casa. “Eu tinha comprado uma casa e estava reformando. la ficar 8.400 a reforma. Pensei: ‘vou jogar, quem sabe dá sorte’”. Só que o Ypiranga iria precisar de sorte mesmo. Além de vencer, teria que torcer por uma vitória do Palmeiras, afinal o acordo era que o pagamento só aconteceria se o Verdão também vencesse sua partida.

Assim como em 1947, o Ypiranga enfrentou o São Paulo sob forte chuva – Oswaldo gostava de jogar nestas condições, pois a bola mais pesada, segundo ele, desviava menos. Fez apenas uma recomendação a seus companheiros, que ninguém tocasse bola na entrada da área. Ali, a ordem era dar chutão para o lado que estivesse virado. “Eu falei para o Liminha, ponta-direita que naquele dia jogou de centroavante: ‘Vê se trata de correr, dez paus’”, recordava. Na ponta-direita jogou Bueno, um jogador que, segundo Oswaldo, era “burro” dentro de campo. Sua única qualidade, dizia, era a velocidade.

A escalação do veterano Servilio desagradou a Oswaldo. Ex-Corinthians, conhecido como “O Bailarino”, Servilio fez sucesso no Parque São Jorge, mas já estava em fim de carreira, aos 36 anos.

– Pô, você quer ganhar o jogo e escala o Servilio, 100 anos – reclamou Oswaldo ao treinador Capitão Ariston.

– No campo, ele vai orientar, dar experiência – garantiu o técnico.

– Pô, mas o Servílio nem abre a boca – respondeu um preocupado Oswaldo.

Mas mesmo com Servílio, o Ypiranga surpreendeu. A técnica do São Paulo novamente parou no campo pesado. Primeiro tempo, 0 a 0. Na segunda etapa, num dos inúmeros chutões exigidos por Oswaldo de seus companheiros, a bola caiu numa poça na entrada da área do São Paulo. O zagueiro Mauro tentou fazer a parede para Poy pegar, mas Liminha foi mais rápido e tocou antes na bola, que parou na linha do gol, em mais uma poça. Paulo chegou e tocou para as redes.

Aos 20 minutos, Bueno tentou cruzar, mas acabou chutando no gol. A bola parou novamente em cima da risca. Desta vez, Bibe chegou e marcou. O Ypiranga terminaria o jogo com dez, após entrada dura de Savério em Paulo, que tirou da partida o autor do primeiro gol.

Com a vantagem, Homero queria saber o resultado do Palmeiras e pediu para Oswaldo perguntar a um repórter atrás do gol. O repórter da Rádio Pan-Americana fez então a pergunta para Pedro Luiz e Mário Moraes, que narravam a partida. A resposta, nada animadora. 0 a 0. E, a cada minuto, Homero queria saber o resultado. E perguntava a Oswaldo. Que perguntava ao repórter. Que perguntava a Pedro Luiz.

Até que o narrador quis saber porque tanto interesse no jogo do Palmeiras, que de nada importava para o Ypiranga no campeonato. E o repórter perguntou a Oswaldo.

– Ele é palmeirense, tá torcendo pro Palmeiras – respondeu-lhe Oswaldo.

O dinheiro parecia que não viria mesmo. Até que Lima marcou o gol da vitória palmeirense. O São Paulo ainda diminuiria, mas parou por aí. Na rodada seguinte, o Palmeiras fez 3 a 0 na Portuguesa Santista e o São Paulo perdeu por 2 a 1 para o Santos. O Verdão virava o jogo na penúltima rodada. Os rivais duelaram na última rodada e um empate em 1 a 1 garantiu ao Palmeiras um título que parecia impossível.

Homero, Liminha e Oswaldo decidiram que os cinco mil que poderiam “dar para alguém” seriam para o zagueiro Gonçalves, do juvenil, que jogou no lugar de Belmiro. Levaram o garoto então para receber, sem que ele soubesse o que estava acontecendo. Quando o tesoureiro do Palmeiras lhe deu o dinheiro, ele se assustou.

– O que é isso?

– É um prêmio.

– Mas eu não posso receber.

– Por que?

– Eu vou levar isso para minha mãe e ela vai falar: “Onde você pegou esse dinheiro”?

O tesoureiro chamou então Oswaldo e explicou que o menino não queria receber, por temer problemas com a mãe, viúva, que morava em São Caetano do Sul.

– Ô Gonçalves, isso é uma gratificação que o Palmeiras está dando porque a gente ganhou do São Paulo. Mas não pode contar pra ninguém. Você leva, dá para sua mãe e fala que ganhou uma gratificação extra. E se precisar conversar com ela, eu vou lá.

Oswaldo havia convencido o garoto.

Se pelo Ypiranga o principal momento da temporada de 50 aconteceu no início do ano seguinte, o ano de 1950 colocou Oswaldo na história do futebol. Aquele garoto que nasceu no Centro da Villa Americana havia 24 anos tinha um encontro marcado com aquele gigante de ferro e concreto.

Os destinos, aparentemente tão distantes em 1926, se encontraram na tarde de 17 de junho de 1950. A Seleção Brasileira treinava para a Copa do Mundo de 1950 e era preciso arrumar uma partida para inaugurar o Maracanã, construído para o Mundial. A decisão foi confrontar as seleções de novos de paulistas e cariocas. Nem todos poderiam ser considerados “novos”, mas isso pouco ou nada importava. “Chamaram Toninho, meia do Santos, e o Lima do Palmeiras para formar uma seleção paulista. Do Ypiranga, eles chamaram: eu, Homero, Dema, Rubens e Liminha. Da Portuguesa, cinco”.

Não houve cobrança de ingresso, por isso existem diferentes estimativas de públicos para aquela tarde. Qualquer uma delas é de pelo menos o dobro da capacidade de qualquer estádio existente no Brasil à época. “Tinha gente até em cima da marquise. Aquilo lá era um absurdo de gente. Nunca vi tanta gente, um barulho desgraçado”, espantava-se Oswaldo.

O garoto americanense entrou definitivamente para a história aos 9 minutos do primeiro tempo. Com um chute a meia altura de Didi, os cariocas abriram o placar. Era o primeiro gol da história do Maracanã. Sofrido por Oswaldo. “O gol dele foi contestado pelos paulistas, pois aparentemente estava impedido”, relembrou Oswaldo.

Foi o gol que Oswaldo menos lamentou levar na carreira. Diferente do argentino Andrada, do Vasco, que sofreu o milésimo gol de Pelé e afirmava que não gostaria de ter ficado marcado pelo fato, Oswaldo não se importou, ainda mais porque os paulistas venceram por 3 a 1. “Isso é histórico. Queria ter tomado e vencido o jogo, como aconteceu”, afirmou, para logo depois lamentar, novamente, ter seguido a carreira de goleiro. “Se bem que quando a turma conta, conta quem marcou, não quem levou. No futebol é isso aí, quem faz o gol. O que toma gol, que defende, não interessa. Interessa quem faz. É por isso que eu não queria ser goleiro. É uma porcaria. Tomou é frango. Defendeu é obrigação”, dizia.

A intenção de Oswaldo era continuar em São Paulo em 1951. Tinha proposta da Portuguesa, que chegou a disputar seu passe com o Palmeiras. Mas a Lusa se recusava a pagar luvas, o que inviabilizava o negócio. Foi quando Carlos Nascimento, diretor do Bangu, o convidou a jogar em Moça Bonita, após indicação de Feola ao técnico do time carioca, o uruguaio Ondino Vieira.

Oswaldo recordava-se que pediu um salário alto e que Nascimento ficou de consultar Guilherme da Silveira Filho, o Dr. Silveirinha, que presidiu o Bangu entre 1937 e 1949 e na época era patrono do clube. A contratação foi aprovada. Neste meio tempo, a Portuguesa aceitou pagar luvas. “Mas eu já tinha assumido compromisso com o Bangu”. O destino de Oswaldo então foi mesmo o Rio de Janeiro, onde viveu em pé de guerra com a imprensa.

Oswaldo nunca fez questão de esconder seu lado boêmio. Adorava a noite desde os tempos do Ypiranga. Dançar em boates era um de seus passatempos favoritos. Quando chegou ao Rio de Janeiro, foi um prato cheio para a imprensa local. Logo na primeira entrevista, começaram os comentários sobre o galã Oswaldo, que parecia um artista de cinema. “Eu tinha uma namorada, que era a rainha das vedetes, Joana D’Arc. Eles (a imprensa) descobriram. E começaram a fazer fuxico. Então eu entrava no Maracanã e a turma começa a assobiar. Enchia o saco o jogo inteiro”, contou.

No Rio, Oswaldo passou a carregar um apelido. Virou o Oswaldo Topete, como muitos o chamaram pelo resto da vida. Outros o chamavam de Oswaldo Cabeleira. Tudo pelo cabelo cheio que ostentava. Galã, tinha boa fama entre as mulheres, o que apenas aumentava a marcação cerrada da imprensa. “A imprensa ficou pegando no meu pé por causa disso. Tomava gol era frango de Topete. O Castilho (ex-goleiro do Fluminense) tomava um monte de gol e ninguém falava nada”, dizia Oswaldo, que durante sua passagem pelo Bangu trabalhou também como dentista no clube, aproveitando o tempo em que não estava concentrado para jogar.

 
 
Pinta de galã, Oswaldo reclamava da imprensa carioca
Na seleção paulista de novos. Em pé: Alfredo, Homero, Djalma Santos, Brandãozinho, Oswaldo e Dema; agachados: Renato, Rubens, Augusto, Gatão e Brandãozinho II

Em 1951, a meta do Bangu era o título carioca. Afinal, o clube, que havia contratado o astro Zizinho do Flamengo um ano antes, se reforçara ainda mais. Tinha um dos times mais fortes do campeonato, mas sem reservas à altura dos titulares, o que acabaria sendo decisivo na final do campeonato. Na última rodada do Carioca, o Bangu enfrentaria o Fluminense, que estava dois pontos à frente. Se vencesse, levaria a decisão para uma melhor-de-três. Qualquer outro resultado e o destino da taça seria as Laranjeiras. Na rodada anterior, o Bangu, com Oswaldo no gol, havia arrasado o Canto do Rio, 11 a 3, a maior goleada do clube até hoje em jogos do Campeonato Carioca.

Vermelho, no segundo tempo, marcou o único gol do jogo naquele 6 de janeiro de 1952. O campeonato teria então pelo menos dois jogos decisivos. E o Maracanã assistiu, na semana seguinte, a um dos mais violentos jogos de sua história. O Bangu entrou em campo sob pressão da imprensa. Sem defensores na grande mídia, formada praticamente por torcedores de Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco e por alguns do América, o Bangu foi criticado por supostamente ter jogado duro na vitória da semana anterior.

Carlos Nascimento, que havia trabalhado no Fluminense, reuniu-se com os jogadores e pediu:

– Vocês têm que tomar cuidado, joguem mais leve, porque a imprensa tá pegando no pé.

– O que interessa: ganhar o jogo ou jogar mais leve ou mais pesado? O Pinheiro não perdoa ninguém. O Bigode não perdoa ninguém. Que conversa é essa? – retrucou Oswaldo.

O Bangu entrou em campo para jogar o seu jogo, segundo Oswaldo. “Não fomos na do Nascimento não”. Mas, logo de cara, sofreu uma baixa. Aos 5 minutos, Mendonça foi chutar uma bola e caiu. “O Didi veio então na corrida e pisou na perna dele. Estourou o joelho dele e ficamos com dez logo de cara. Uma jogada intencional”, condenou Oswaldo.

Depois foi a vez de Pinheiro entrar duro em Vermelho e tirá-lo da partida. Por fim, Rafanelli sofreu uma entorse de joelho e ficou em campo apenas fazendo número. Com oito jogadores em campo, o Bangu perdeu, 1 a 0, gol de Orlando, num jogo que teve as expulsões de Mirim, do Bangu, e Telê, em início de carreira no Flu, por trocarem pontapés. “Perdemos o primeiro jogo porque o centroavante perdeu gol pra cachorro, era muito ruim”, opinou Oswaldo, referindo-se a Moacir Bueno.

Mirim não entraria em campo no segundo jogo, mas Telê sim. O Bangu ainda não teria Mendonça, Rafanelli e Vermelho. O Flu jogaria sem Carlyle, suspenso após passar por Oswaldo em um lance e o provocá-lo, mexendo em sua cabeça. O bandeirinha Gama Malcher viu e avisou o árbitro Mário Vianna, que colocou na súmula. “Me atirei e estava levantando quando o Carlyle veio correndo, bateu a mão na minha cabeça e disse: ‘Está satisfeito, hein’. E saiu correndo”.

O episódio foi um prato cheio para a crônica esportiva, que alimentou o fato de que Oswaldo Topete não gostava de ter seu cabelo desarrumado, o que ele desmentia. “Desmanchou meu cabelo eu penteio outra vez”.

A falta de reservas à altura enfraqueceu o Bangu. “Salvador jogou de zagueiro central, era muito fraco. Jogou também Irani, um menino na lateral-esquerda, também muito ruim. Perdemos o jogo pela lateral-esquerda”. Telê marcou os dois gols da vitória do Flu (o primeiro, segundo Oswaldo, num lance de sorte, em que a bola bateu em sua cabeça e entrou) e virou estrela no futebol carioca. “Perdemos um monte de coisa neste jogo. O Silveirinha ia dar uma casa para cada um em Bangu, um automóvel para cada um e não sei quantos mil pelo título”, relatou Oswaldo, que no anterior havia participado da excursão do combinado Bangu-São Paulo pela Europa sem ter entrado em campo, ficando na reserva de Poy e Mário, ambos do São Paulo.

A perseguição da imprensa estava insuportável para Oswaldo. Terminado seu contrato, decidiu ir embora. “Não podia sair na rua. Não podia ir onde eu queria”, conta. Voltou para Americana e montou um comércio de fogões a gás e querosene. Ondino Vieira e Rafanelli depois entraram como sócios da empresa, que acabou não vingando. 

 
Com sua pinta de galã, Oswaldo tinha fama entre as mulheres
Oswaldo no Bangu, iniciando a fila à frente de Ramón Rafanelli, Mirim, Vermelho, Ruy Campos, Alaíne Pereira, Mendonça, Zizinho, Moacir Bueno, Djalma e Nívio Gabrich

Em 1954, recebeu o convite para o jogar no Velo Clube, de Rio Claro, quando estava em uma loja de louça de sua propriedade, no Centro de Americana. Mas seu passe estava preso ao Bangu, que também tentou tê-lo de volta. “Queriam que eu morasse na concentração, não queriam que eu morasse em Copacabana (onde morava, junto com Rafanelli e Nívio). Como eu moro onde quero, vim embora”, explicou Oswaldo, que chegou a assinar contrato com o Botafogo, mas não conseguiu se desvincular do Bangu. Mas o Velo, após muita insistência, conseguiu sua liberação. Oswaldo propôs jogar de graça no clube e, em troca, eles lhe dariam o passe, o que foi aceito.

O Palmeiras também teve interesse em contratar Oswaldo, que lá treinou por algum tempo. Mas o clube ficou desconfiado que ele tinha alguma contusão grave, já que era novo para ter o passe na mão. Seguiu então para treinar no Santos, em 1955. Queria vender o passe para o clube, que só aceitava o negócio por seis meses, pagando salário equivalente ao dos demais jogadores, mas sem comprar o passe. Aceitou. E lá conheceu Manga.

“A turma não gostava do Manga, mas ele não saía do gol nem a pau. Não dava chance para o reserva nem a cacetada, só se caísse morto. O Manga não deixava chuteira, sapato, nada no campo. Levava tudo para casa dele, de medo que a turma fizesse macumba”, contou Oswaldo.

Manga havia retomado ao Santos após ter sido emprestado ao Bahia, em 1954. “O Manga arrumou encrenca com um diretor, ficou com a mulher do diretor. O Santos mandou ele embora para a Bahia. Aí ele e a mulher começaram a entrar na macumba e vieram macumbeiros lá de cima”, disse Oswaldo.

Topete, que morava na Vila Belmiro com Zito, Vasconcelos e Formiga, teve poucas chances no Santos. Revezava com Barbosinha na reserva, mas não tinha chance com Manga. Disputou amistosos e apenas uma partida de competição, curiosamente por acaso. O Santos iria enfrentar o Palmeiras no Pacaembu pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1956. Era a vez de Barbosinha ficar na reserva de Manga e Oswaldo foi dispensado do jogo. Viajou para Americana e depois seguiu para São Paulo. Na Capi tal, acabou convencido por amigos palmeirenses a assistir à partida com eles.

Quando passava pelo portão de entrada, com a partida já iniciada, viu Manga deitado no chão e o técnico Lula gesticulando na beira do campo, desesperado. O Santos não tinha goleiro no banco. Barbosinha não apareceu e o clube havia procurado Oswaldo em Americana, mas não conseguiu encontrá-lo. Não houve tempo para convocar um goleiro do time de baixo e o Peixe seguiu para o Pacaembu apenas com Manga.

Oswaldo se aproximou do alambrado e foi avistado pelo roupeiro do clube, Rochinha. “Vamos trocar para você jogar”. Lula escutou no banco e comemorou. “Que sorte que você chegou, o Manga se machucou”. Oswaldo trocou-se e foi para campo. “Quando o Manga viu que eu estava entrando ficou até branco. Ele não ia sair nem morto se tivesse reserva. Entrei e ganhamos o jogo”.

O Santos então jogaria amistosos no Uruguai. Mesmo sem condições, Manga insistiu com Lula para jogar e acabou em campo contra o Nacional. O Santos perdeu, Manga falhou e os jogadores cobraram o treinador pela escalação de Manga sem condições. Pressionado, disse que Oswaldo jogaria no próximo compromisso no Uruguai. “Choveu no outro jogo. Choveu tanto que não teve o jogo. Depois o Manga voltou e não saiu mais”, relembrou Oswaldo. No fim do ano, Oswaldo atuou em um amistoso contra o Jabaquara (vitória por 4 a 2), o segundo jogo de Pelé no Santos.

Fim de contrato e Oswaldo queria ir embora, não aguentava mais ficar na reserva. Acabou convencido a renovar por mais um ano e continuou na reserva de Manga. Até que, em 1957, deixou o Santos. Voltou a trabalhar como dentista em Americana, quando recebeu o convite de Noronha, ex-jogador do São Paulo, que trabalhava à época no juvenil da Portuguesa, para defender o clube. A Lusa era treinada por Maurício Cardoso, que havia trabalhado com Oswaldo no Ypiranga.

 
Barbosinha, o técnico Lula e Oswaldo, no Santos
Oswaldo entre Pepe e Del Vecchio, no Santos

A Portuguesa também não queria comprar o passe de Oswaldo. Mas ofereceu um salário três vezes maior do que Oswaldo ganhava como dentista. Como Oswaldo era casado, precisaria apenas treinar às quintas e sábados. Proposta irrecusável, proposta aceita.

Oswaldo jogou pouco na Portuguesa. Cabeção, revelado pelo Corinthians, era titular. Pelo menos até que Flávio Costa, técnico do Brasil na Copa de 50, assumiu o time. “Esse era casca. O pior treinador que já vi. Era prepotente”, afirmou Oswaldo, que chegou a ser multado por indisciplina, assim como Félix, Orlando e Cabeção. Este deixaria a equipe por problemas com Flávio Costa e abriria espaço para Oswaldo, já em fim de contrato.

Mas não houve como trabalhar com Flávio Costa. Insatisfeito, Oswaldo procurou o presidente reeleito da Lusa, Luiz Portes Monteiro. “A Portuguesa tem jogadores excepcionais, mas eles não jogam porque o treinador fica pegando no pé, tira moral de qualquer um. Fica na arquibancada só xingando”, reclamou.

Ouviu então do presidente que a multa em caso de rescisão de contrato com o treinador era muito alta, o que foi o bastante para decidir deixar a Lusa e dizer que iria contar à imprensa como era o clima dentro do clube. Topete tinha apenas mais três meses de contrato.

Preocupada com a repercussão que as declarações de Oswaldo poderiam ter, a Portuguesa resolveu dispensá-lo, pagando os salários até o final do contrato, o que abriu espaço para Félix, campeão do mundo em 1970, no México. Em troca, ele não daria entrevista. “Peguei o dinheiro e vim embora”, contou Oswaldo.

A Portuguesa foi o último time de ponta de Oswaldo, que ainda jogaria um ano no Cerâmica, de Mogi Guaçu, da terceira divisão do estado, e no Progresso, onde atuou por três anos e conquistou o título amador do estado de 1962. Ficou no clube de Nova Odessa até 1964. Jogou ainda algumas partidas pelo Causb e treinou o time em 1966, mas não quis seguir carreira de treinador. “Naquela época o jogador não tinha obrigação. Ganhava pouco e não seguia o que você pedia. Fazia extravagância. Pensei: ‘Vou cuidar de jogador de futebol, vou ficar louco’”, explicou.

 
Na Portuguesa, Oswaldo se desentendeu com Flávio Costa

Passou a ter apenas uma profissão, dentista, que ainda exercia quando deu as entrevistas que guiaram a construção desse texto, que tem pequenas mudanças em relação ao original, publicado em um caderno de 12 páginas pelo jornal TodoDia, lá em 2007. Tinha então quase 81 anos, com memória e precisão nas informações de fazer inveja a qualquer garoto.

Oswaldo é um daqueles personagens que nasceu na época certa. “Se fosse hoje eu não jogaria. Agora treina segunda, terça, quinta, sexta e sábado e joga no domingo. Não dá para aguentar. Do jeito que eu vivia não dava”, reconheceu o boêmio Oswaldo, naquelas entrevistas em 2007.

Oswaldo morreu dormindo, no dia 13 de junho de 2016, aos 90 anos. Teve uma parada cardíaca e não acordou mais naquela segunda-feira, em Americana.

 
Foto de Oswaldo em 2007, mostrando as mãos que tinham fraturas e os dois dedos mindinhos "tortos"

Livros consultados

  • A História do Campeonato Paulista
  • Almanaque do Benfica
  • Almanaque do Corinthians
  • Almanaque do Futebol Rio-pretense
  • Almanaque da Seleção
  • Almanaque do São Paulo
  • Almanaque do Futebol Paulista 2000
  • Almanaque do Timão
  • Almanaque do Palmeiras
  • Almanaque do Sporting Clube de Portugal
  • América – Antologia lírica de um sentimento obstinado
  • Fio de Esperança – Biografia de Telê Santana
  • Guia dos Craques
  • História da Associação Atlética Ponte Preta – Volume II
  • História de uma paixão
  • História da garra rubro-negra
  • Lusa – Uma história de amor
  • Maracanã – 50 anos de glória
  • Memória Social dos Esportes: São Januário – Arquitetura e História
  • Nós é que somos banguenses
  • O Caminho da Bola – Volume I
  • O Negro no Futebol Brasileiro
  • O Rio corre para o Maracanã
  • Os melhores jogadores sul-americanos do século XX
  • River, el campeõn del siglo
  • Seleção Brasileira – 90 anos

Revistas e jornais consultados

  • Placar, O Globo Sportivo e Última Hora

Colaboração

  • Carlos Molinari, Guilherme Nascimento e Neder Semeghini