O mineiro americanense

Ao cair da noite, com o rosto corado e o olhar eufórico, Flavio Lopes iniciou a marcha pela estrada de terra que ligava Villa Americana a Carioba. Era seguido por três bandas, escoteiros e uma pequena multidão, todos empunhando tochas para iluminar o breu do caminho. Uma cena que o jornal local chamou de Aux flambeaux de Carioba.

No final daquela tarde do ano de 1924, Flavio, o farmacêutico mineiro, último subprefeito do próspero Districto de Paz de Villa Americana, recebera o telegrama que comunicava a criação do município. Imediatamente, passou a solicitar que o rico comércio local cerrasse suas portas e a convidar a todos para que, junto dele, conclamassem a boa nova.

Orgulhosos e prevendo um futuro promissor, precisavam fazer uma manifestação ao dirigente político local, o sr. Hermann Theodor Müller, e ao povo cariobense. Talvez tenha sido nesta ocasião que todos conheceram a eloquência de Flavio Lopes, que no improviso discursou em frente à Casa Hermann.

Era 12 de novembro!

Faávio Lopes nasceu no município de Caldas e aqui chegou em 24 de janeiro de 1920, após ter estudado em Ouro Preto. Com o viço de seus 23 anos e temperamento alegre e festivo, em pouco tempo tornou-se conhecido de todos e, onde estivesse, reunia em torno de si amigos e admiradores.

Iniciou sua carreira na farmácia do famoso médico Candido Cruz, tornando-se posteriormente sócio de Eduardo Silva Medon. Após o assassinato de Candido Cruz pelo próprio cunhado, Flavio casou-se com a viúva, a professora Delmira de Oliveira Lopes.

Eleito vereador em dezembro de 1924, assumiu uma cadeira na primeira Câmara de Villa Americana, em 15 de janeiro de 1925, quando foi eleito pelos seus pares como nosso primeiro vice-prefeito. Foi secretário e tesoureiro da Câmara Municipal, conservando-se no exercício de suas funções até 1942. Nos documentos manuscritos de nosso poder legislativo ainda estão guardados os traços da mais bela caligrafia que já conheci e que você vê na imagem que acompanha esta coluna.

Com o seu falecimento, aos 56 anos, foi dito em O Liberal que o “que o tornou grandemente admirado por todos era a sua grande admiração e estima à nossa cidade. Aí daquele que ousasse em sua presença menosprezar Americana, a cidade eleita pelo seu coração. A sua reação era imediata, refutando qualquer argumentação com a citação de números estatísticos desde a nossa emancipação, números que se tornavam mais convincentes pelo brilho de sua incontestável ilustração”.

Sepultado na quadra 05 do Cemitério Municipal da Saudade, em frente ao portal do jazigo dos Müller, descansa junto da professora Delmira e de Candido Cruz, mas esta é uma outra história que você irá conhecer aqui em breve.

Texto e pesquisa: André Maia Alves da Silva, historiador e presidente do Instituto 12 de Novembro.

Para saber mais sobre Flávio Lopes, acesse a página dedicada a ele clicando aqui.

Flavio Lopes e sua assinatura

 

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