A sede do Districto de Paz de Villa Americana
O período distrital de Villa Americana carece de pesquisa e produção histórica. Esta lacuna não é devido à falta de documentação, que encontra-se em Campinas sob guarda do Arquivo Municipal e em bom estado de conservação. O acesso, devido à logística, é o maior empecilho. O processo de digitalização e convênios entre os municípios de Campinas e Americana podem contribuir enormemente no trabalho de pesquisadores.
Podemos afirmar que três fatores contribuíram para a aglutinação e desenvolvimento do vilarejo existente no quadrilátero do entorno da antiga matriz de Santo Antônio: o comercial, o religioso e o institucional.
A estação de trem foi imprescindível para o desenvolvimento agrícola, industrial, comercial e sociocultural de Villa Americana. São icônicas as fotos, de diversos períodos, do embarque de produtos. Assim como existem diversos relatos sobre como era fácil o acesso a este distrito, tanto para a realização de compras no comércio local quanto para o turismo, desportos e negócios em Vila Carioba.
Inicialmente batizada de Estação de Santa Bárbara, foi inaugurada em 27 de agosto de 1875 com honras imperiais por Dom Pedro II e Conde D’Eu. Sua importância inicial era comercial e logo passou a ser conhecida por “estação dos americanos”, mas durante a década de 1890 o transporte de passageiros tornou-se volumoso e, em 1900, foi rebatizada como Estação de Villa Americana.
O caso mais notório deste período é a relação política e de amizade iniciada pelo Dr. Antônio Alvares Lobo, que, em fins do século XIX, desembarcava nesta estação para seguir de troly até a sua fazenda Santa Guilhermina, pertencente ao município de Limeira, nas divisas com Carioba.
Em suas contínuas viagens, trocou conhecimento com moradores e comerciantes do vilarejo, criando sólidas amizades, dentre elas com o comerciante Sebastião Antas de Abreu.
Esta parada da linha férrea foi a porta de chegada de muitos homens que buscavam trabalho, negócios e uma nova vida. Durante praticamente um século, esta estação regeu a vida de Americana. Tanto que, em meados do século XX, os moradores costumavam dizer que na vida era necessário ter amizade com três pessoas: o prefeito, o delegado e o chefe da estação.
Para levantamento e detida análise do crescente comércio e industrialização deste vilarejo no período distrital, é necessário pesquisar nos Livros de Industrias e Profissões do Município de Campinas (https://arq-camp.campinas.sp.gov.br/index.php/livro-de-registro-de-industrias-e-profissoes-em-cartorio).
Mas, por projeção regressiva, podemos vislumbrar sua força econômica, pois, a partir de 1925, com a instalação do município, os registros de arrecadação passam a ser feitos pela Câmara Municipal de Villa Americana.
Nestes registros, encontramos a declaração de arrecadação dos mais variados comércios, indústrias e serviços: hotéis e pensões, serviços de carros de aluguel, agência telefônica e de correios, bares, lanchonetes, mercearias, sapatarias, alfaiatarias, aviamentos, enxovais, loja especializada em produtos importados, farmácias, tipografia e papelaria, marcenaria (inclusive de caixões), matadouros, açougues, médicos, dentistas, advogados e fábricas de gelo, de macarrão e de cola, por exemplo. Esta variedade também era aplicada no atendimento às diversas classes sociais da época.
Outra fonte demonstrativa deste comércio são os anúncios em periódicos locais da década de 1920, que atestam o refinamento de alguns estabelecimentos, como lojas de armarinho que ofereciam produtos ingleses, franceses e até mesmo da Ilha da Madeira; e brasserie que possuía “bebidas finas nacionais e estrangeiras, latarias, frios em geral, bombons e sorvetes”.
Mas a oferta de bens de valores mais altos também é frequente, como bicicletas, carros, caminhões e tratores. Durante a década de 1920, Villa Americana já possuía duas agências de automóveis: a Ford, de sociedade de Fortunato Faraone, Domingos Nardine, Santino Faraone e Stefano Tancredi; e a Chevrolet, de Francisco Delben.
Construída no século XIX e localizada ainda hoje na rua Sete de Setembro, a Igreja Presbiteriana representou papel importante na congregação dos produtores agrícolas imigrados dos Estados Unidos para cá.
Em 1898, a construção da Igreja de Santo Antônio contou com o carpinteiro Victorio Miante com os construtores Achilles Zanaga e Fortunato Basseto. Em 28 de julho de 1900, foi criada a paróquia de Santo Antônio de Villa Americana, fato que contemplou os anseios de outra parcela de moradores, principalmente os italianos, que, em mutirão, construíram a casa paroquial para a fixação de um padre, que antes vinha a cada três meses.
Neste pequeno quadrilátero estava concentrado a subprefeitura, o cartório e a delegacia de polícia, com sua cadeia pública. Estes equipamentos públicos de administração serviram para aumentar o fluxo de pessoas, bem como tornava mais rápido e fácil a resolução de questões burocrática dos moradores. O distrito tem seu próprio subprefeito e funcionários, o seu escrivão de paz e official de registro civil e o seu delegado.

