O dia 12 de novembro de 1924 e a primeira eleição do município de Villa Americana

 “Villa Americana, este recanto feliz de belleza e progresso que até há poucos dias ainda era uma parcella rendosa da terra gloriosa de Campos Salles, Carlos Gomes, Glycério … acaba de ver convertido em realidade o sonho dourado de há tantos annos, que era a justa reinvindicação de sua autonomia”

Primeiro parágrafo do texto de capa do jornal “O Município” publicado em 20 de novembro de 1924 (grafia original).

No final da tarde de 12 de novembro de 1924, Flávio Lopes, farmacêutico mineiro e último subprefeito do Distrito de Paz de Villa Americana, recebeu um telegrama do governo do estado comunicando a publicação, em Diário Oficial, da lei 1.983, que criava o município de Villa Americana. Imediatamente, passou a solicitar que o comércio local cerrasse suas portas e a convidar a todos para que, junto a ele, conclamassem a boa nova de casa em casa. Logo foi seguido por três bandas, que representavam as sedes de Villa Americana, Carioba e Nova Odessa.

Ao cair da noite, começaram a marcha pela estrada de terra que ligava Villa Americana a Carioba. Seguidos de uma pequena multidão, todos empunhando tochas para iluminar o breu do caminho. Uma cena que o jornal local chamou de “Aux flambeaux” de Carioba. Passaram pela vila operária e dirigiram- se à casa do dirigente político Hermann Müller, onde Flávio Lopes fez um discurso de improviso.

No retorno ao centro da nova cidade, começaram a fazer paradas nas residências dos membros do subdiretório do PRP, ainda sob o som das bandas e dos fogos de artifício.

A primeira eleição municipal de Villa Americana ocorreu em 14 de dezembro do mesmo ano. A chapa montada para concorrer demonstrou a visão aguçada de Hermann Müller em constituir uma Câmara com interlocução ampla, com vista que a presença da classe média urbana na cena política tornara-se mais visível em grande parte do país, assim como em Villa Americana.

A chapa apresentada e eleita foi composta por um médico popular (Liráucio Gomes), um farmacêutico jovem, boêmio e ilustrado (Flávio Lopes), um industrial (Jorge Gustavo Rehder), um produtor rural ancião (Luiz Delben) e por fim um dos mais conhecidos comerciantes e líder político, residente e atuante defronte a estação há décadas (Sebastião Antas de Abreu).

Texto e pesquisa: André Maia Alves da Silva, historiador e presidente do Instituto 12 de Novembro. Edição: Claudio Gioria, jornalista e diretor de pesquisa do instituto. É proibida a reprodução desse material sem prévia autorização do instituto.

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