ALBERTINO

Alberto Machado, que morreu novo, em 12 de novembro de 1930 (não foi encontrado registro de seu nascimento), foi um dos grandes jogadores do início da história do Rio Branco. Irmão de Macaco, com quem jogou no Tigre, era o melhor jogador da família.

Em 1922, um carro de luxo de 70 contos de réis chegou à Rua do Pito Aceso, em Vila Americana, à procura de Benedito Machado, pai de Albertino e Macaco. No carro, estava Antonio Prado Júnior, presidente do Paulistano, um dos mais importantes clubes do país na primeira metade do século passado.

Ele chegava a Americana por indicação de Rubens Salles, ex-jogador da seleção brasileira, que passou pelo Rio Branco, e queria levar os dois filhos de Benedito para jogar em São Paulo.

Para isso, ofereceu bons empregos, uma casa (ou duas, se não quisessem morar juntos) e boas remunerações. Recebeu a seguinte resposta de Albertino, que trabalhava como pedreiro: “Somos pobres operários. Enquanto jogarmos futebol, jogaremos para o Tigre. O dinheiro não nos interessa. Temos o Rio Branco dentro dos nossos corações. Agradecemos, mas é inútil insistir”.

Morreu ainda jovem como um dos maiores pontas-esquerdas da história do clube, onde atuou entre 1916 e 1926.

 
 
Albertino

ALFREDO VITTA

Ao lado do irmão Raphael, o marceneiro Alfredo, nascido em Amparo no dia 24 de janeiro de 1899, foi um dos líderes do Rio Branco em seus primeiros anos de vida. Jogador de forte personalidade, era um zagueiro que jogava duro.

“O Alfredo vem vindo!” era o alarme no Rio Branco para que todos os jogadores parassem de fumar.

No início da década de 20, os atletas trabalhavam até por volta de 17h e seguiam direto para o treino do Rio Branco. Depois de uma hora e meia a duas horas de treino, Alfredo gritava “me acompanhem”.

Todos os atletas, uniformizados e em fila indiana, iam com Alfredo, que deixava o campo da Fernando de Camargo, seguindo até a 30 de Julho, passando pela Antônio Lobo e descendo a Carioba.

Entravam então em uma velha estrada de rodagem e subiam o morro até o cemitério. Desciam a Avenida da Saudade e voltavam ao campo pelo mesmo caminho. Estava garantido assim o preparo físico dos jogadores.

Alfredo Vitta, que jogou no Rio Branco entre 1916 e 1926, era um “faz-tudo” dentro do clube. Em janeiro de 1923, ainda jogando pelo Rio Branco, foi o responsável por comandar o time juvenil. Jogou no Tigre ao lado dos irmãos Raphael e Paschoal.

 
Alfredo Vitta

AUGUSTO AMÉRICO

Augusto Américo começou sua trajetória no Rio Branco atuando na zaga, mas logo acabou no ataque, tornando-se um dos primeiros grandes goleadores da história do Tigre (foram 22 gols em 38 partidas). Foi importantíssimo na conquista do bicampeonato do interior em 1922-1923.

Chegou a Americana a convite do padre Vicente Rizzo, um incentivador do esporte na cidade. Trabalhou no Instituto Penido Burnier, em Campinas, e morreu em São Paulo, no dia 23 de fevereiro de 1953.

A data de nascimento de Augusto América é desconhecida.

 
Augusto Américo

BRAGA

Bicampeão do interior em 1922-1923, Vergílio Braga foi titular absoluto do Tigre em boa parte da época de ouro do clube, nos anos 20.

Nascido na região do Parque Gramado, então Balsa do Bernardino, em 4 de fevereiro de 1902, era filho de italianos. Na época, Americana ainda não era distrito de Campinas (o que aconteceu apenas em 1904), e fazia parte do território de Santa Bárbara d’Oeste.

Aos 18 anos, pegava bola atrás do gol quando Alfredo Vitta mandou que treinasse com a equipe. Foi assim que começou sua vida no futebol.

Jogou no Rio Branco de 1920 a 1926 e depois em 1930. Forte e de estatura baixa (tinha 1,68m), ficou conhecido como “O Tank”, jogando primeiro como meia-direita e acabando na ponta.

Já trabalhava quando começou a jogar. Iniciou sua vida profissional como ajustador antes de mesmo de completar 14 anos, na Fabrica Machinas Agrícolas Nardini, na Rua 30 de Julho, 355. Até pelo menos 1951 seguiu trabalhando na Nardini.

Foi o último campeão do interior a morrer, em 26 de maio de 1995, completamente sozinho, no Lar São Vicente de Paulo. Sua esposa, Lydia, já havia partido. Não tiveram filhos.

Logo após a sua morte, passou a dar nome à sala principal da diretoria de futebol no Estádio Décio Vitta.

 
Vergílio Braga
Vergílio Braga no Lar São Vicente de Paulo, onde faleceu aos 93 anos, em 1995

BORTOLATO

José Bertolo nasceu em Limeira, em abril de 1892 (o dia do nascimento é desconhecido) e morreu em Americana, no dia 9 de março de 1963.

Jogou no Rio Branco entre 1921 e 1926 e foi um dos principais jogadores do Tigre nos anos 20.

Começou na Inter de Limeira e chegou ao Tigre em 1921, voltando para Limeira após jogar em Americana.

Morreu bem pobre e sem a perna esquerda, amputada por causa de um calo que não foi tratado.

 
Bortolato

CARABINA

José Conegundes foi o primeiro grande comandante do meio-campo da história do Rio Branco. Tecelão, nasceu em Limeira, em 29 de abril de 1897, e defendeu o Rio Branco de 1917 a 1926.

Fez gols importantes, como o da vitória sobre o Paulista na abertura das finais do Campeonato do Interior de 1923. Começou no segundo quadro da Inter de Limeira e depois foi para o Guarani.

Segundo reportagem do jornal “Correio Paulistano” de 27 de julho de 1951, Carabina só não foi para o Paulistano, tradicional clube à época, pelo fato de ser negro.

Em 1925, chegou a ser preso por ter se alistado como eleitor em duas comarcas do estado. No mesmo ano, quase foi assassinado em uma confusão envolvendo outro jogador, Raul, no campo do Carioba. Raul, que foi preso em flagrante, deu dois tiros de garrucha em Carabina, ferindo-o no braço.

 
Carabina

DITINHO

O meio-campista Benedito Penteado, conhecido como Ditinho, jogou no Rio Branco entre 1921 e 1926.

Era outro destaque daquela equipe, tanto que chegou a integrar a seleção do interior em algumas oportunidade sem jogos amistosos.

As datas de nascimento e morte de Ditinho, que trabalhava como mecânico, são desconhecidas.

 
Ditinho

FRUCTUOSO

Zagueiro, Luiz Fructuoso estreou no Rio Branco em 1916 e disputou sua última partida pelo clube apenas em 1932.

Era o cobrador de pênaltis do Rio Branco. Foi assim, cobrando pênalti, que ele marcou o gol da vitória sobre a Francana, que deixou o time a um passo do título do interior de 1923.

Com ele em campo, o Tigre perdeu apenas 20% das partidas que disputou.

As datas de nascimento e morte de Fructuoso, que trabalhava como vendedor, são desconhecidas.

 
Fructuoso

PASCHOAL VITTA

Foi o maior artilheiro do Rio Branco na primeira metade do século passado, tendo marcado o gol que abriu o caminho da vitória sobre o Taubaté por 2 a 1 no jogo que garantiu o primeiro título do interior ao Rio Branco.

Nascido em Amparo no dia 16 de abril de 1901, tem média de quase um gol a cada dois jogos com a camisa do Rio Branco (28 gols em 61 partidas), clube que defendeu entre 1920 e 1926, ao lado dos irmãos Raphael e Alfredo.

Foi um dos principais jogadores do Tigre na conquista do bicampeonato do interior de 1922-1923. Também era conhecido como Paschoalino e trabalhava como vendedor. Tinha como principal característica o chute forte.

 
Paschoal Vitta

PISONI

Aristides Pisoni é um dos grandes nomes da fase mais gloriosa dos primeiros anos de vida do Rio Branco, sendo bicampeão do interior em 1922 e 1923.

Nasceu em 1º de fevereiro de 1899, em Itatiba. Sua esposa, Jovina Haydée Brambilla, foi a primeira mulher a integrar o quadro associativo do Rio Branco, em 11 de dezembro de 1923.

Alfaiate, teve quatro filhos. O primeiro, Oswaldo, também seguiu a carreira de goleiro, como o pai. Tornou-se o primeiro goleiro a sofrer um gol na história do Maracanã (leia essa história aqui).

Outro filho, Athos, também chegou a seguir a carreira de jogador, mas parou cedo. Acabou escolhendo outro esporte e tornou-se, em 1975, campeão pan-americano de tiro, na modalidade skeet.

Morreu em 25 de dezembro de 1968, em Americana. 

 
Aristides Pisoni

RAPHAEL VITTA

Nascido em Amparo, no dia 8 de agosto de 1897, foi o principal líder em campo nos primeiros anos do Rio Branco, ao lado do irmão Alfredo.

Bicampeão do interior de 1922 e 1923, integrou a seleção do interior em algumas oportunidades.

Existem registros de que Raphael Vitta, filho do italiano Luciano Vitta, também teria treinado o time, com o seu estilo linha dura. Uma história que mostra isso aconteceu em um treino. Após Raphael Vitta separar os dois times, o médio-esquerdo titular reclamou de treinar sob sol forte. Foi imediatamente dispensado por Raphael.

O atacante da equipe, amigo do médio-esquerdo, tomou as dores do companheiro e acabou tendo o mesmo destino. No domingo seguinte, dia de jogo, Raphael chamou os porteiros e bilheteiros do clube e avisou que os dois rebeldes estavam proibidos de entrar em campo.

Mesmo após muita discussão na portaria, os dois foram impedidos de entrar naquele dia e também em outros treinos e jogos. Algum tempo depois, o médio apareceu em um treino e pediu para conversar com Raphael. Os dois acertaram os ponteiros e, no treino seguinte, os dois jogadores estavam de volta, sob sol forte, sem reclamar.

Integrante do Partido Constitucionalista, é pai de Décio Vitta, que foi presidente do Rio Branco e dá nome ao estádio do clube (leia a história do estádio aqui), e avô de outro Raphael, o Minão, que presidiu o clube nos anos 90.

Sua esposa, Maria Diniz, era a responsável por lavar os uniformes e lustrar as taças nos anos 20. Além disso, inspecionava o gramado da Rua Fernando de Camargo para deixá-lo o melhor possível.

Viveu apenas 39 anos. Morreu no final da noite do dia 21 de setembro de 1936, aos 39 anos, vítima de hemorragia cerebral.

 
Raphael Vitta

Esse conteúdo foi produzido pelo jornalista Claudio Gioria, autor de “Rio Branco – O Embaixador de Americana”, com novas informações encontradas após a publicação do livro. O Instituto 12 de Novembro agradece qualquer nova informação para enriquecer o material acima.